Declaração

O blogue que se segue pode conter linguagem susceptível de ferir a sensibilidade dos leitores, pelo que se agradece que pense duas vezes antes de espreitar.

Todas as palavras aqui postadas NÃO SÃO OFENSAS GRATUITAS. São pagas, desde há séculos, com o sofrimento de milhares de touros.

Enquanto os aficionados ofenderem a minha sensibilidade, eu sinto-me no direito de ofender a deles.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A putativa igualdade na corrida à portuguesa

Dizem que a corrida de toiros consiste na luta entre o homem e o animal e que é justa. Eu digo que de justa não tem nada e que, para além disso, não pode ser entendida como uma luta mas, sim, como coacção. Para que a luta fosse justa seria necessário que ambas as partes dispusessem de igualdade de armas. Tal facto não acontece nas nossas corridas.

Cavaleiros

Para começar o homem anda a cavalo. Ora, por um lado, o touro é um animal que atinge menos velocidade do que um cavalo e, por outro lado, cansa-se mais facilmente. E, ainda assim, por norma, usam-se duas montadas por lide... Portanto, brincar ao "toca e foge" em cima de um animal mais ágil, não me parece que tenha muito de justo.

Para além disso, o touro só dispõe dos seus cornos como arma de ataque/defesa e tem de fazer o movimento de flexo-extensão da cabeça para os utilizar estando, naturalmente, limitado ao alcance deste movimento e ao tamanho das suas hastes. O que levanta as seguintes questões:
- por um lado, o movimento que o homem projecta com o braço, tem mais amplitude do que o do touro;
- por outro lado, o homem utiliza instrumentos com o mínimo de 70 cm de comprimento para puncionar o touro o que, como é óbvio, aumenta a sua vantagem, pois não está assim tão próximo do animal como seria suposto (e já nem vamos falar do excessivo comprimento dos ferros no início da corrida);
- finalmente, as hastes do touro, para além de serem, previamente, despontadas, ainda são emboladas, pelo que nem a sua arma está em estado naturalmente pleno.

Forcados

Quanto à pega, ela é aplaudida como a parte mais justa da luta, porque é mano-a-mano (que é como quem diz 8 contra 1, mas isso até se entende apesar dos 8 forcados pesarem, conjuntamente, mais do que o touro).

Mas ainda assim, não há equidade na pega. Haveria, se os forcados pegassem o touro no início da corrida ou, mantendo-se a tradição de serem os últimos, pegassem um touro virgem.

Porque isso de fazer uma pega a um animal que está francamente exausto (e quem já observou uma corrida viu a rapidez e a violência com que o touro respira de cansado), que já perdeu litros de sangue, que tem violentos rasgões na carne, ferros espetados nos músculos, tem muito que se lhe diga...

Querem heróis? Metam 8 homens a pegar um touro saído dos curros e em pontas.

A putativa igualdade na corrida à portuguesa

Como eu já ouvi, por diversas vezes: "A ideia não é os cavaleiros, os cavalos e os forcados saírem da arena esventrados". Esta lógica diz tudo. Se a ideia é proteger estes intervenientes, nunca poderá ser uma luta justa. A igualdade de armas implica a mesma probabilidade de sacrifício para as duas partes envolvidas e, como bem sabemos, porque as estatísticas comprovam-no, o número de homens feridos em relação ao número de corridas/ano é mínimo. E, mesmo os forcados, que são dos que mais se lesionam, ferem-se mais nas bandarilhas que estão espetadas no animal, do que por culpa do animal em si.

Por isso, é evidente que o jogo está viciado e que "a casa ganha sempre"!

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